quarta-feira, 13 de julho de 2011

No final do arco-íris [1]

Cheguei de madrugada mais uma vez.
Entrei no quarto na ponta dos pés.
Ela dormia plácida. Sua respiração parecia de um bebê, sem nenhuma preocupação. Uma mecha ruiva havia caído em sua face e cobria seu olho. Sentei no meu lado da cama e fiquei admirando-a.
Adorava fazer aquilo.
E, no fim, sempre acabava acordando-a.
Ela levantava e preparava algo para eu comer e um café forte para sair daquele estado de pós-bebedeira.
Entrelacei meu dedo na mecha e levei-a até seu devido lugar.
Ela abriu os olhos vagarosamente e seu sorriso foi aparecendo. Voltou a fechá-los.
- Que horas são? – perguntou.
- Hora de levantar – disse sorrindo.
Eduarda riu. Ela sabia que aquilo provavelmente aconteceria.
Levantou e foi até a cozinha.
Fui atrás dela e tentei ajeitar a pequena bagunça que tinha feito pela sala ao chegar, ela odiava bagunça. Não sei como me suportava tanto. Minha mãe costumava dizer que logo, logo eu voltaria para casa, mas isso não aconteceu. Morávamos juntas há um ano e antes disso, costumava passar finais de semana em sua casa. Ao todo, dá uns dois anos de muita bagunça, sem falar nas bagunças acumuladas dos tempos de adolescência.
Ela esquentou a água do café.
Olhou para mim e soube do que eu precisava: café forte. Apesar de saber que só em sentir o cheiro eu estaria melhor.
Admito: sou viciada!
Perguntou se eu tinha comido alguma coisa. Tentei fazer uma cara de santa, de cachorrinho abandonado, de uma criancinha abandonada, tudo junto apenas para tentar não responder e ela entender que não, não havia posto se quer um pedaço de salgadinho na boca.
Eduarda não costumava ir às festas comigo, pelo menos não nessa época de faculdade. Queria estar sempre estudando para as provas de psicologia. Enquanto eu preferia aproveitar minha fase de estudante de jornalismo relaxada, mas tentando passar pelas cadeiras da faculdade com sucesso e sem estudar. Desde o colégio, achava que lugar de aprender era na sala de aula, fora de lá podia apenas curtir a vida. Ou passar o dia dormindo, ou chorando, ou navegando na internet, depende da fase que estava passando. Tem a romântica, a depressiva, a rebelde, a estressada, às vezes até eu me confundia em que fase estava.
Por falar em colégio, foi lá que conheci Eduarda. 

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