quinta-feira, 27 de outubro de 2011

"Borboletas na janela"

Elas voam sem direção. Vem de algum lugar desconhecido. Encaram aquele disco giratório fatiador de insetos e, sem medo, se atiram sobre ele. O disco, por sua vez, insiste em tirar-lhes a vida, mas hora ou outra tendem a sobreviver e ressurgem num caminhar de passos mais lentos do que o normal. Antes voavam, agora caminham. Colocam-nas de volta nas janelas esperando que reaprenderem a voar da mesma maneira que reaprenderam a viver depois de fatiadas no disco giratório.
São jovens e pequeninas. Atiram-se sobre qualquer coisa que chamam atenção. Sua expectativa de vida é de poucas horas, dois dias no máximo, mas elas querem experimentar aquela sensação do perigo. Enclausuradas por quase toda uma vida, quando soltas na paisagem querem dar shows de exibicionismo. 

Um circo de horrores!
Pobrezinhas!
Caem aos montes naquela sala onde, ao invés de se estudar comunicação, estuda-se a ação suicida das borboletas.

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