Eu sabia onde
estava. Eu
estava no vazio da mente. Depois de um longo tratamento, me libertei das grades
ilusórias que não me permitiam ser quem eu realmente sempre fui: Ana, T.G. e
Tatiane. Naquela sala, através da janela, eu as vi sorrindo para mim, mas cada
vez que eu piscava me distanciava mais delas. Eu as tinha guardado na mente. Eu
vivia dentro da minha mente.
T.G. minha
personagem da vida adolescente que imaginei viver.
Ana minha
personagem da vida jovem que imaginei viver.
Tatiane minha
personagem da vida envelhecida que imaginei viver.
Eu,
dentro da minha vida imaginária, era todas elas em cada fase da existência.
Minha infância me calou. Estou calada. Mas minha imaginação vive dentro de mim.
Sou um mundo, um universo intangível dentro da mente.
Ainda
estou em tratamento na clínica psiquiátrica. Meus pais sucumbiram à minha
doença e abdicaram suas responsabilidades. O médico é legal. As enfermeiras são
legais. Têm outras crianças aqui também. Eu ainda não escrevo. Vivo
imaginariamente minha vida. E, durante a análise, conto minhas histórias.
Talvez,
quem sabe, eu posso ser cada uma das minhas personagens e viver aquilo que elas
viveram. A vontade de escrever, de ler, de sentir prazer, de ter amigos, de
tomar café compulsivamente e fumar (como as enfermeiras daqui), de envelhecer
sem ter filhos, de ter todos os problemas que elas tiveram, é, talvez, eu até
queira isso para mim. Mas por hora, observarei apenas.
Muito bom! A imaginária vida de Anne daria um ótimo curta!
ResponderExcluirModifiquei algumas coisas. Vou melhorar o texto ainda mais. Principalmente esse final.
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