quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Bodas de Madeira pra nossa amizade


Mayara, nem sei como começar isso... De verdade, o que eu disser você estará cansada de saber. Mas só pra  lembrar não custa nada, não é?!


O tempo passou bem depressa. Paro pra pensar e me arrependo de quando dizia que queria ir logo pra faculdade e sair do CEFET. Não sabia o quanto faria falta te encontrar todos os dias e conversar sobre tudo e todos. Realizar trabalhos com você, participar de maneira conjunta da construção de nossas vidas, abraçar, rir e chorar, de se olhar e não precisar dizer mais nada...
Tantas boa recordações... Seguimos com nossas vidas, é claro!; não podemos parar no tempo e reprisar os bons momentos, temos que ganhar cada vez mais espaço no caminho que escolhemos. 
Eu sei que a saudade dói bastante, mas sei que só de saber que passei momentos tão belos e felizes ao seu lado já me satisfaz. Porque ser sua amiga é bom, é enriquecedor, é encorajador... Isso porque você é única. Aquela história de que jogaram o molde fora é real com você. Jogaram seu molde fora e hoje procuro você nas pessoas, mas logo lembro de que você já existe e é inigualável! 
Nem sei como dizer, mas com você aprendi a me magoar e crescer com palavras duras (não entendia porque minha mãe falava/fala tanta coisa que magoa, mas, depois que te conheci, vi que era porque me amava). A cada euteodeio respondido a um euteamo eu sabia que era a resposta certa para a amizade que tínhamos. A amizade que temos!
Enquanto as pessoas acham que eu ou você não temos opinião e que seguimos o que uma ou outra diz ou pensa, é exatamente o contrário: nos respeitamos. Respeitamos quem somos e o que somos e por isso a cumplicidade dá certo. Enquanto as pessoas acham que você é dura demais, não sabem o quanto eu cresci como pessoa estando ao seu lado e tomando os banhos de água fria pra amadurecer. Engraçado é que nos sentimos tão adultas, mas nos descobrimos tão crianças inexperientes para a vida!
Bem, parafraseando Drummond: eu te amo porque te amo e tu me odeias porque me odeias!
Simples jeito de levar uma amizade verdadeira adiante: sinceridade, cumplicidade e respeito.
Parabéns a nós duas por estarmos 5 anos juntas!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Outono Imortal - 6


Acorde-me quando o outono acabar - Final

Peço que entenda: minha dor não é material, é espiritual; meu rancor não é pelo material, é pelo espiritual; não sofro por não ter algo e, sim, por não ser, por não ter forças para acender minha luz – exceto essa vela que queimou por duas míseras horas – e ser reconhecida pelo meu brilho, por isso, eu sofro e me silencio...
       Não tente me acordar quando o outono acabar, pois agora tenho asas e voarei livre para qualquer lugar a qualquer hora. Buscarei sonhos e vou agarrá-los com tanta força que não escaparão.
       Quero vocês vivendo até o último momento uma vida intensa e sem sofrimento. Joguem a raiva e a incompreensão num buraco negro que sugará com imensa vontade aquilo que lhe faria mal. Quero muitas coisas para vocês. Algumas não poderei dar, então terão que correr atrás. Queria muitas coisas para mim, mas nenhuma veio como prêmio, exceto a morte.
       “Mãe, eu gosto quando as coisas terminam bem, mas nem sempre posso me permitir ser sonhadora.”
       E agora, meu coração bate acelerado, a voz embarga e as mãos estão trêmulas... No inverno branco do meu quarto, ouço o bater de asas procurando um raio de sol... e, pela última vez, o adeus do pássaro.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Outono Imortal - 5


Acorde-me quando o outono acabar - Parte um
       Acabei locando a sala neste sábado quando houve um apagão. A vela queimou completamente durante duas horas e apenas o silêncio falava. Na verdade, o silêncio gritava verdades ensurdecedoras ao meu ouvido. Enquanto admirava a chama da vela, lembrava-me das minhas palavras de outrora. Escrevi a literatura-vida nessa última semana, espero ter sido boa companhia.
       O vento entrava pela janela, mas não era capaz de secar o rosto molhado pelo percurso das lágrimas. A dor que fazia o pranto rolar em minha face era muito mais forte do que o vento que conseguia apenas levar folhas secas para outros terrenos.
       Avistei a imagem de braças abertos à minha frente e notei que recebia um abraço consolador daquele que nem acreditava, mas admirava a filosofia, ele era o único que sempre esteve comigo nas horas de solidão nessa casa. Suas mãos perfuradas eram como as minhas, calejadas pelo lápis tanto usado.
       Eu não quero mais ser hipócrita! Usar máscara todos os dias me fez perder a identidade e, agora, sofro por não saber quem eu sou. O sistema me engoliu também, mas sou fraca para suportá-lo. Ele está asfixiando-me, mas não sabe que estou morta e só restou essa carcaça oca que desmorona facilmente.
       Uma vez li que o pior silêncio não é o da morte, mas o da vida. Estou baixando o volume da minha existência, logo irá ficar mudo. Não me desespero com o silêncio...
       “Não há mais sopro de vida”. Desacelerei meus passos e minha mente e corpo não aguentam... irei partir... para sempre...
       

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Outono Imortal - 4


Só rezo para que acabe bem
De volta ao pior lugar do mundo, em meio a cálculos e textos mais compreensivos do que minha mente, descobri a razão de tudo não fazer sentido. Já tinha calculado várias expressões numéricas, equações de 1º, 2° - sei lá quantos – graus, equação de Kirchoff entre outras, mas nada havia deixado tudo tão claro em minha mente como minhas olhadelas para a árvore lá fora.
       “Os números complexos são simples. Todas as incógnitas tem solução. Entre análises temporais e espectrais, seu cérebro trabalha em todas as frequências. Os ângulos da vida também podem ter senos, cossenos e, principalmente, tangentes”, a árvore me dizia.
       Olhei todos mais uma vez naquela sexta-feira, cada rosto escondido, cada história camuflada. “Em tempos de guerra, a verdade é tão preciosa que é preciso ser guarnecida por uma escolta de mentiras”, com certeza Churchill tinha razão. Vivemos em um mundo de guerra – social, pessoal, mental -, eis aqui a explicação de nossas “doces” palavras. A aula terminou!
[...]Toda a mecanização social precisa ter um fim, precisamos nos humanizar. Eu comecei a sentir, você precisa também.
       Sem a máscara, mas ainda prisioneira, eu escrevo e seguirei escrevendo até minha mão sangrar e suas mentes estarem livres, e seus rostos poderem sentir o sol, e seus corpos voarem...

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Outono Imortal - 3


Sentindo falta do que (nunca) se teve
Só percebemos que estamos sozinhos quando não nos falta palavras, mas alguém a quem dizê-las ou quando fechamos a porta e esperamos que ela seja aberta por alguém. Percebi que estava sozinha quando a saudade matou qualquer resquício de felicidade. Sentia saudade do cheiro, do colo, dos risos e das gargalhadas. Sinto que mesmo rodeada pelo mundo, estou só...
[...]Talvez eu sentisse saudade do tempo que deixei passar, pois todos mudaram menos eu. Minha família e meus amigos cresceram com o tempo e eu me agarrei num caminho sem saída e sem futuro, por isso, permaneço parada. Minha imobilidade para viver faz-me sentir saudade do tempo que eu corria livre contra o vento.
[...]Eu começava a perecer... sonhei e não foi bom, pois a vida não estava boa. Buscava uma máscara, mas não havia nenhuma, todas haviam quebrado em mil pedaços e monstros surgiam por trás das máscaras. Éramos todos monstros consumidores de vidas alheias. Com um olhar podíamos absorver energia vital de outras pessoas. Eu sentia medo e tentava fugir, mas estávamos presos numa teia social e não podíamos nos soltar a menos que nos jogássemos num buraco sem fundo. Saltei e dei meu último voo. E, assim, virei um pássaro e voei direto para o nada... Voei livre! Sim, eu caí, mas a minha sensação de liberdade me fez ser uma fênix que ressurgiu ao toque do despertador.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Outono Imortal - 2


Todos os defeitos de uma vida perfeita
Eu só queria tirar a angústia do peito. Gritar e fazer com que me livrasse da tristeza que assola vez por outra minha vida. Sei que nada é perfeito, principalmente os caminhos que se tem para seguir. Mas, mesmo assim, só queria voltar a acreditar em mim.
[...]Devem querer saber quais os reais defeitos da minha vida. Simples: a vida que é para ser vivida está desfalecendo antes de nascer. O rancor em nossas palavras é um reflexo de nossa tristeza que obscurece a mente. Tudo o que eu entendo sobre família foi levado pelo vento do outono, como folhas secas carregadas pela ação natural da vida. E agora nossa árvore está nua e durante o outono nenhuma folha nasce... A fachada da minha instituição pessoal está suja e falida. Como vou viver assim? A vida segue, ou melhor, as horas passam, mas eu parei no tempo.
[...]Descreveria toda minha vida e deixaria que desse sua opinião se ela é ou não ruim. Mas tenho a certeza de que, independente da resposta, ela é monótona. Todos os dias são hermeticamente iguais. Cada passo, cada palavra e até mesmo os choros e angústias; também sou robotizada! Eu, assim como você, sou expectadora na minha vida.
[...]Se nosso mundo fosse tão perfeito, seríamos simplórios demais. Haveria apenas duas possibilidades: o certo e o errado, o bom e o mal, a vida e a morte... Mas somos complexos, pelo menos alguns de nós que conseguem ver além da máscara, além do além, além do rosto na capa da revista, aqueles que realmente percebem que o horizonte não tem fim. Toda essa complexidade nos torna seres que podem ser mais do que nós mesmo nos propomos ser. E, desse modo meio complexo de entender, a vida se torna imperfeitamente perfeita, porque evoluímos com seus defeitos, com seus buracos negros que nos sugam aos poucos, mas que nos fazem perceber que ainda estamos aqui e que ainda temos tempo para evolutivas realizações. [...]mesmo perdida nesse vazio da vida, minhas palavras serão minha voz no silêncio...
E a brisa gelada continuou a bater levemente. Meu outono.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Outono Imortal - 1


Água dissimuladamente transbordada

[...]A sirene soou. Os escravos estavam livres do trabalho e voltariam para suas senzalas pessoais. [...]Todos eram ao mesmo tempo carrascos e prisioneiros. Carrascos em vidas alheias e prisioneiros em sua própria.
E eu? Sou apenas expectadora.
Talvez uma expectadora que preferiu se calar diante das injustiças e frustrações. Durante muito tempo fui carrasco; daquele em que a pessoa treme só de ouvir o nome. Eu não mudei, na verdade fui mudada, não pela vida, mas pelas pessoas. Sim, ainda sou prisioneira, porém, não da vida, mas da mente que se trancou e me aprisionou...
Porque não foi a vida que me endureceu?! A vida não endurece as pessoas, pois elas que comandam seus caminhos. As pessoas endurecem as pessoas, pois elas não podem ser controladas.
Devem estar se fazendo muitas perguntas sobre mim.[...]
Sou uma garota comum, mais comum do que você pode imaginar, e isso deveria assustá-lo! Não tenho amigos porque me afastei deles; as pessoas quase não ouvem minha voz porque prefiro me calar a provocar mais uma grande confusão; tenho três irmãs e pais separados – não disse que eu era mais comum do que você imaginava? - e, no final de tudo, sou sozinha...
[...]Vocês devem estar achando que eu procurei a solidão. E estão certos – como diria ... “triste constatação” - mas não conseguem sentir o que eu sinto quando o galo canta e o sol nasce, por isso não irão me entender.[...]Sinto-me covarde, porém, sei que a tristeza me matará lenta e dolorosamente. E, no final, minha voz silenciada será ouvida em meus versos.