terça-feira, 8 de novembro de 2011

Outono Imortal - 6


Acorde-me quando o outono acabar - Final

Peço que entenda: minha dor não é material, é espiritual; meu rancor não é pelo material, é pelo espiritual; não sofro por não ter algo e, sim, por não ser, por não ter forças para acender minha luz – exceto essa vela que queimou por duas míseras horas – e ser reconhecida pelo meu brilho, por isso, eu sofro e me silencio...
       Não tente me acordar quando o outono acabar, pois agora tenho asas e voarei livre para qualquer lugar a qualquer hora. Buscarei sonhos e vou agarrá-los com tanta força que não escaparão.
       Quero vocês vivendo até o último momento uma vida intensa e sem sofrimento. Joguem a raiva e a incompreensão num buraco negro que sugará com imensa vontade aquilo que lhe faria mal. Quero muitas coisas para vocês. Algumas não poderei dar, então terão que correr atrás. Queria muitas coisas para mim, mas nenhuma veio como prêmio, exceto a morte.
       “Mãe, eu gosto quando as coisas terminam bem, mas nem sempre posso me permitir ser sonhadora.”
       E agora, meu coração bate acelerado, a voz embarga e as mãos estão trêmulas... No inverno branco do meu quarto, ouço o bater de asas procurando um raio de sol... e, pela última vez, o adeus do pássaro.

7 comentários:

  1. É sempre bom ler uma coisinha por aqui, e você pensa que não venho né? rs
    O texto é pra ser deprimente ou reconfortante? kkkkkkkkk
    De qualquer forma muito bom!
    M.D.C.

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  2. Deprimente ou reconfortante? Pergunta difícil.
    Deprimente ao pensar que alguém se sinta assim e nada pode fazer, porém, reconfortante em saber que de alguma forma esse sofrimento pode ser acabado, mesmo sendo imortal!

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  3. Nuss. Eu sou tão confusa que nem eu sei a diferença de "nada pode ser feito" com "sofrimento sendo acabado" =|

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  4. Sua depressão me deprime! kkkkkkkkkkkk
    Aproveite a vida pirralha! ;P

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  5. Toma uma música do cartola pra animar:

    O Mundo É Um Moinho
    Cartola

    Ainda é cedo amor
    Mal começaste a conhecer a vida
    Já anuncias a hora da partida
    Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

    Preste atenção querida
    Embora saiba que estás resolvida
    Em cada esquina cai um pouco a tua vida
    Em pouco tempo não serás mais o que és

    Ouça-me bem amor
    Preste atenção, o mundo é um moinho
    Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
    Vai reduzir as ilusões à pó.

    Preste atenção querida
    De cada amor tu herdarás só o cinismo
    Quando notares estás a beira do abismo
    Abismo que cavastes com teus pés.

    =)

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  6. Eu gosto dessa música...
    Só pra constar: texto escrito em 2010.
    Em 2011 meus textos estão mais leves.
    ;)

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  7. Ao (re)ler o seu texto, sinto exatamente o mesmo: "E agora, meu coração bate acelerado, a voz embarga e as mãos estão trêmulas... No inverno branco do meu quarto, ouço o bater de asas procurando um raio de sol... e, pela última vez, o adeus do pássaro". Sentes o medo de o pássaro ir embora?

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