Queria começar sendo otimista
e dar, além do apoio, meu imenso amor, mas não posso tirar de você o direito de
saber a verdade: estou frágil como aquela folha de papel-bíblia que compramos
juntos. Ela era sem vida e precisava ser manuseada com cuidado para que não
perdesse a suavidade que tinha num simples toque. Lembro que essa folha foi
motivo de discussão (como tantas outras que tivemos) e eu acabei rasgando de
raiva aquele papel que parecia, naquele instante, mais importante do que eu.
Então, sobre mim/sobre
nós, eu não posso criar mais expectativa e inventar mais histórias que nunca
sairão do meu pensamento. Lembrei-me daquela outra vez em que prometemos não
mentir um para o outro nem para nós mesmos, pena que só consigo cumprir a
promessa com você. Passei a não me importar com minha mentira pra mim mesma.
Depois de um tempo, como você costumava dizer, elas viram verdade.
Sei que agora você está
precisando de força. Não é fácil encarar a morte de perto e fez isso com uma
destreza mortal, se me permite dizer.
Nesse momento, não tenho muito que dizer para te confortar; acho que nem eu
posso me confortar. Só estou feliz por você estar melhor depois da tragédia.
Perder alguém que ama muito é difícil, eu sei, mas você irá superar.
Acha que essas palavras
serão suficientes para não me detestar mais depois de tudo o que permiti
acontecer? Não quero perdê-lo, mas já perdi. Perdi a mim e a você. Perdemos nós
dois: nossa história acabou quando eu escolhi você a mim.
Por hora, apenas,
sentirei saudades.
Sempre sua.