Sentindo falta do
que (nunca) se teve
Só percebemos que estamos sozinhos quando
não nos falta palavras, mas alguém a quem dizê-las ou quando fechamos a porta e
esperamos que ela seja aberta por alguém. Percebi que estava sozinha quando a
saudade matou qualquer resquício de felicidade. Sentia saudade do cheiro, do
colo, dos risos e das gargalhadas. Sinto que mesmo rodeada pelo mundo, estou
só...
[...]Talvez eu sentisse saudade do tempo
que deixei passar, pois todos mudaram menos eu. Minha família e meus amigos
cresceram com o tempo e eu me agarrei num caminho sem saída e sem futuro, por
isso, permaneço parada. Minha imobilidade para viver faz-me sentir saudade do
tempo que eu corria livre contra o vento.
[...]Eu começava a perecer... sonhei e não foi bom, pois a vida
não estava boa. Buscava uma máscara, mas não havia nenhuma, todas haviam
quebrado em mil pedaços e monstros surgiam por trás das máscaras. Éramos todos
monstros consumidores de vidas alheias. Com um olhar podíamos absorver energia
vital de outras pessoas. Eu sentia medo e tentava fugir, mas estávamos presos
numa teia social e não podíamos nos soltar a menos que nos jogássemos num
buraco sem fundo. Saltei e dei meu último voo. E, assim, virei um pássaro e
voei direto para o nada... Voei livre! Sim, eu caí, mas a minha sensação de
liberdade me fez ser uma fênix que ressurgiu ao toque do despertador.
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