quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O lobo

Quando o vi, estremeci.
Era grande, olhos vermelhos, expressão de fome (de vingança?), mandíbula entreaberta e uma mordida pesada e doída. Seus dentes quebravam ossos, rasgavam músculos como papeis, penetravam almas. Suas garras abraçavam a presa e as unhas cravavam autoridade sobre a pele.
Mais uma vítima dentre tantas outras.
O animal não parava, não dormia, não deixava sobreviventes. O animal destruía o corpo, a alma, a voz. O animal não se importava com sexo, religião, etnia ou idade.
Eu tinha medo de que chegasse minha vez.
Não percebi que suas garras haviam aprisoado-me. Ele chegou lento e me abocanhou. Tentei lutar, mas se corresse ou ficasse talvez nem fizesse diferença. Fechei os olhos e, quando abri, "MEU DEUS!". Aquele animal não era diferente de mim.
O homem animalizou-se e é "lobo do homem".

2 comentários:

  1. Um olhar sobre si, vislumbrando a minha existência parca. É como estar andando nas ruas, e ao passar por vitrines de lojas, ver a imagem distorcida daquilo que chamamos de " eu ".
    Bom texto, malvadinha.

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