quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Trabalhando a (des)informação: sistemas midiáticos e o discurso manipulado

Ouvi bastante coisa no tocante a manipulação do sistema midiático e devo confessar que não foi nada bom. As pessoas têm o hábito de julgar tudo depois de ter visto apenas um pouco da coisa toda. O estereótipo de que jornalista ( e até outros profissionais da comunicação) é o vilão de toda história contaminou, digamos assim, as pessoas onde faço a faculdade de jornalismo. O que me revolta é saber que às vezes as pessoas não veem que não se trata apenas da mídia - e quando eu digo mídia incluo o estereótipo do jornalista vilão - estar fazendo ou não o papel de (des)informar. Na verdade, as pessoas se deixam levar pelo discurso pronto que aparece na TV, no rádio, na internet, nas revistas, no jornal impresso e, com isso, esquecem de que por trás desse discurso, confesso que manipulatório, elas devem ter ainda suas opiniões, suas verdades (porque cada um tem sua verdade), fazer suas escolhas mesmo diante da gama de opções que a própria mídia nos impõem, porém, mesmo assim, nós é que vamos e devemos escolher.
Não sei se estou diferindo dos discursos que tenho ouvido nos últimos dias, mas tenho uma certeza que ninguém vai me tirar: todos ainda fazemos nossas opções e ainda temos que arcar com as consequências. O que me deixa irada é ver que as pessoas depois que entram na faculdade, pelo menos lá eu vejo mais esse tipo de coisa acontecendo, começam a ter um modo de ver onde tudo ao redor está errado e aí começa a culpar todo o sistema midiático que manipula tudo e todos. Não culpo o sistema midiático, nem o sistema capitalista, acho que a questão está tão impregnada na sociedade que ajudamos a construir e por isso não vejo onde esses sistemas citados se encaixam para levar todo o crédito da culpa sozinhos.
O que quero deixar claro aqui é que respeito a opinião de todos que querem culpar, ou não, a manipulação da mídia, mas também quero que saibam: aprendi, antes de entrar para a faculdade de jornalismo, que as empresas que informam, que trabalham propagando a informação são, antes de tudo, geradores de lucro e nós, que somente recebemos a informação, podemos ou não aceitar isso. Eu ainda tenho o controle da televisão, ainda tenho como mudar a estação de rádio, ainda posso querer ler ou não aquilo que aparece a minha frente, como esse post agora. Lógico que falando assim as coisas parecem sempre com duas escapatórias (como numa equação binária) e sei que não é tão simples assim, existe aliás uma complexidade enorme que é trabalhada por detrás de tudo isso (questões psíquicas até), mas, mesmo assim, insisto naquilo que disse no início: estou revoltada com apenas esse olhar voltado para a profissão e profissionais da área.
Acho que para terminar esse "desabafo", se assim podemos considerar, gostaria que todos soubessem que, assim como Paulo Freire, a imprensa, esse sistema midiático de que tanto se fala mal pelos corredores da UFAL, ainda tem um papel importante no sentido de educar. Sim, educar! Através dela podemos ter noção do que a educação significa. Por isso, nos salve, Paulo Freire!

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