quinta-feira, 11 de agosto de 2011

No final do arco-íris [4]


Nossa história parece incomum para a maioria das pessoas.
Tínhamos 20 anos, mas a Duda era mais responsável que eu. Éramos estudantes universitárias sem muito dinheiro, logo, tínhamos ajuda de nossos pais para nos sustentar. Bem, na verdade, ela tinha uma pensão deixada pelo seu pai – sua mãe não morava com ela (conosco) – e ainda trabalhava na faculdade de psicologia como monitora. Ganhava pouco, mas era mais que eu, e juntas conseguíamos sustentar a casa.
Enquanto eu, pobre Natasha, não falava com meu pai e a minha mãe chorava toda vez que eu ligava pedindo que depositasse logo meu dinheiro – essa parte do choro é, com certeza, de família – e Eduarda era do tipo independente.
Minha mãe insistia que eu voltasse para casa e deixasse toda aquela história de união para trás. Dizia que me aceitava com a Duda, mas no fundo tentava ser igual à mãe da Eduarda – que resolveu entender a opção da filha – para depois não a criticarem por ser careta. A Beca sempre aceitou o fato de eu me relacionar com uma mulher em vez de um homem, achava aquilo normal, mas para o resto da família não passava de um ultraje. Meu pai dizia que isso atrapalharia seus negócios, pois se relacionava com muita gente religiosa e era evangélico – dono de uma rede de óticas – e Samanta seguia seus passos no estilo mais preconceituoso de todos – ela era católica praticante e jurava que na bíblia estava escrito que Deus não aprovava uma união homossexual.
Há um ano resolvemos morar juntas porque, apesar do meu pai passar o dia fora, todos na casa – os empregados principalmente – comentavam do meu relacionamento com a Eduarda e isso o incomodava. Minha mãe nos defendia tentando convencê-lo de que aquilo era mais uma de minhas fases. Porém, não adiantou. Eu e ele brigávamos todos os dias e quando não era com ele, era com a Sam. Então resolvemos morar juntas, seria nosso espaço sem ninguém para criticar.

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