quinta-feira, 18 de agosto de 2011

No final do arco-íris [5]


Não preciso nem falar que a Beca, é frequentadora assídua da nossa casa sem nenhum receio ou preconceito. Acho que essa aceitação foi muito importante, pois ela era nossa amiga desde o tempo em que o grupo foi formado, e ainda tinha a Vick, a Vitória, outra amiga que nos via sem discriminação.
Talvez tenha usado a palavra errada – aceitação – mas não devo ser hipócrita. Por mais que a gente diga que o homossexualismo é algo que deve ser encarado com naturalidade, sabemos que a sociedade não está preparada para nos receber com essa naturalidade, ela pode apenas aceitar; mesmo que doa ter que ser aceito como se você tivesse uma doença, mas não serei hipócrita em dizer que as pessoas têm, sim, nos aceitado, pelo menos algumas em nosso círculo social.
Enquanto estava em minha fase de rebeldia no colégio, acabava saindo com o grupo de amigas inseparáveis e sempre fazíamos festas em qualquer lugar, precisava apenas ter bebida, é claro! Lógico que fiquei com muitos carinhas e a Duda também, mas no fim eles eram sempre um tédio e não suportava sair com eles por muito tempo. Sempre me enjoei com facilidade dos homens, porém, ainda tenho alguns encontros – a Duda sabe, não se espante! Explicarei de modo simples e claro: eu gosto de sexo clássico (homem e mulher) de vez em quando, por assim dizer. E ela também. Aproveitamos quando tem alguém que não saiba desse nosso relacionamento aberto.
A minha história com homens sempre acabou em choros e mágoas. Eu ficava ressentida por não ter um corpo escultural como das minhas irmãs e ser tão pouco desejada, daí, quando não era eu quem não queria mais, eram eles que me davam um pé na bunda, ou não ligavam depois do primeiro encontro, ou sumiam e apareciam de vez em quando para uma saída rápida no cinema e depois sumir de novo. Era mais interessante para mim quando eu os deixava sozinhos e eles ficavam pasmos por eu não ter mais prazer em seus beijos nem dar uma explicação plausível, mas nem sempre era possível.
Depois da minha fase de rebeldia, chegou a fase depressiva e estressada – eu alternava entre essas duas, às vezes eram as duas ao mesmo tempo. Uma inconstância só! Isso tudo acontecia porque eu comecei a me sentir uma estranha dentro de casa. E não há coisa pior do que você não gostar de estar em sua própria casa.
Mas que coisa doida, não é?
Ali era para ser meu lugar predileto, porém, não era.
Parecia uma prisão.
E eu acabei sendo prisioneira em minha casa, em minha vida.
Isso era triste. E continuou sendo triste quando a Beca não passava mais tanto tempo comigo.
Devo confessar que sou uma pessoa muito dependente. Dependo das pessoas para me sentir feliz, como se elas fossem uma droga. Logo, logo eu estava viciada em alguém, alguma companhia, algum hábito, fosse o que fosse. Eu me viciava. Sempre fui apegada demais a minha irmã do meio, a Rebeca. Ela me compreendia e me ensinava coisas da vida, do mundo, tudo que me importasse ou que importasse a ela, pois logo me importaria. 

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