domingo, 1 de janeiro de 2012

"Mais uma vez"


Eu deveria ter dito o que realmente sentia naquela hora, mas algo me deteve. Engoli as palavras e as mastiguei. Tinham um gosto amargo de solidão... Depois que você saiu, eu continuei no quarto e gritei alto! Insultei a você, a seus pais... Insultei até a mim!


O que você pensava que eu era? Uma idiota, não é mesmo? Só poderia ser isso.

“A porta quase quebrou quando você saiu, sabia?”, gritei ao telefone.
Foda-se!”
“Não importa!”, minha voz era mais calma. “Você poderia apenas ter dito que não se importava mais se era amor mesmo ou só um passatempo pra você. Isso poderia ter mudado tudo, sabia?”.
Só ouvia sua respiração. Ainda estava nervoso.
“Então... eu te amo. Sei que não adianta mesmo qualquer coisa que eu diga nem importa mais falar que ‘temos uma família’ porque você sabe tanto quanto eu que divórcios acontecem o tempo todo. Vivemos isso na infância e sobrevivemos”, parecia um monólogo. “Só vamos tentar continuar mantendo na memória os momentos que tivemos... os bons momentos que não foram poucos. Acho que é só isso.”
De novo, só ouvia sua respiração.
“Não quero desligar”, falei chorando.
“Não, não é ‘só isso’! Eu amo você e não foi/não é/nunca será só um passatempo! Parece que você não entende”, sua voz estava nervosa. “Acontece que nos restou apenas os bons momentos a serem lembrados mesmo, nisso você tem razão” parecia mais calmo. “Você”, senti um sorriso nos seus lábios, “sabe que sempre pode contar comigo, não é? Porque somos amigos. Fique tranquila que tudo ficará bem.”.
Continuei em silêncio, chorando.
“Amanhã vou olhar a porta que quase quebrei.”
Adeus!
Eu te amo.”
Adeus...” e desliguei.
 Eu, realmente, deveria ter dito algo mais além de um breve ‘adeus’ porque depois do telefonema,  guardei as coisas numa mala e fui embora. Nunca soube se foi consertar a porta... Mas do que importa a porta agora?!



Meu amor, eu preciso de você! Nós precisamos de você... 

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