Abaixo está uma carta-suicida. Um texto que encontrei no Tumblr. Não são palavras minhas, mas decidi disponibilizá-la aqui no blog.
"Carta encontrada em meio as páginas de um livro no
meio de um apartamento bagunçado. Páginas manchadas de sangue, e encontradas em
cima do peito de um corpo suicida, com os pulsos cortados e um meio sorriso.
'Ando bem nostálgico. Larguei o emprego a poucos dias. Penso em viajar,
recomeçar tudo sem você. Talvez consiga, ser de novo, enfim feliz. Me
distanciei das pessoas, ando bastante solitário. Não faço barba, sempre mancho
a camisa de café. Voltei a fumar também. As vezes bebo, nesses domingos monótonos,
deito no chão e me sufoco de tédio, nostalgias, saudades e porres. Não sei se
consigo continuar. Tá bem díficil. A propósito, eu morri ontem. Por dentro.
Apodreci, congelei, sequei de vez. Como de costume, fui aquele lugar que
tomávamos café. Quer dizer, onde eu comprava o café pra te levar na cama e te
acordar aos beijos. Passei em frente a uma loja de televisivos também, por
incrível que pareça, nosso filme estava passando em todas as telas. Ignorei,
doía. Passei a frente da livraria, e vi aquele seu livro. O favorito, até.
Aquele que você tentava me convencer a ler quando nos conhecemos e ficava me
contando a história. Comprei ele. Não sei, talvez me fizesse mais próximo de
você mesmo depois de tudo que aconteceu. Vi casais apaixonados, e sentia inveja.
Lembrava de como éramos. Vi crianças e lembrei dos nomes que tentávamos
escolher antes de dormir. Via idosos e lembrava dos nossos para sempres…Do
tempo que ficaríamos juntos. Tudo me lembrava você. Passei em frente aquela
praça também, cujo banco fica no topo e dá pra ver toda a cidade. Aquela que
você sempre me pedia meia hora que já ia chegar e demorava algumas horas se
arrumando pra tentar me surpreender. Mal sabia que ficava linda de qualquer
forma pra mim. O dia queria me dizer alguma coisa. Tinha perdido a noção de
tempo, desde que aquilo aconteceu. Não estou dentro de mim, alias. Cheguei, e
olhei o calendário. Dia 27 de julho. Naquele dia, completavam-se cinco anos
após sua morte. Ontem, alias. Eu…Encarei o calendário e não quis acreditar. Pela
primeira vez, cai em mim que tinha te perdido. Mesmo nos amando. Não gosto
dessa ideia. Faziam cinco anos, e eu ainda te amava. Você ainda era tudo pra
mim. Eu disse que seria pra sempre, não é? Pois então. Te encontro em
meia hora?'
”
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Pedro Rocha. — in suicídio diário.
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